A mais recente descoberta sobre mim mesma.

Nem todos os que me veem, sabendo-me uma mulher solteira e independente, compreendem a minha natureza e podem até considerar que sou “anti casamento”. Trata-se de uma inverdade e julgamento raso diante de uma história que honro e defendo: a tomada de consciência em relação à minha própria vocação. Depois de quase cinco anos de um namoro lindo e promissor, descobri que eu não tinha a menor vocação para o matrimônio

 O “chamado” que eu ouvia do coração repelia os pronomes possessivos (“meu” marido, “meus” filhos, “minha” família…) e…ôpa, que esquisito isso parecia para alguém que já tinha “o amor” como valor intrínseco. Desde então venho afirmando e reafirmando que era isso mesmo e estou/sou feliz dessa maneira, me apropriando da solitude, sem sofrer de solidão. E tem mais: aprecio sim um bom casamento, uma união feita com vocação! Mas… “É preciso ter vocação para o casamento?” Sou convicta de que sim.

Entendo como vocação matrimonial, no sentido mais puro e espiritualizado, a união de pessoas conscientes, que se entregam a um relacionamento pautado no amor, na soma de forças em direção à própria evolução e à construção de uma célula (família) capaz de impactar o mundo positivamente com as suas ações. E é bem difícil considerar que um relacionamento é pautado no amor quando não há cuidado para a preservação da identidade nem o desenvolvimento de cada indivíduo como pessoa dentro da família que nasce. Cuidado! Apego, carência, idolatria, dependência emocional, entre outros, são termos facilmente confundidos com amor, e produzem famílias emocionalmente doentes. 

O mo(vi)mento planetário de transição que vivemos favorece a tomada de consciência e compreensão dos papéis sociais dos indivíduos, reclamando por direito à igualdade de gênero e despertando para a emancipação da mulher. Por isso talvez se encontrem tantos relacionamentos abusivos na sociedade atual: os indivíduos (mulheres, na esmagadora maioria das vezes) são lembrados de que têm valor próprio e podem se emancipar de quem o/a subjuga. Antigamente, apenas aceitavam e sofriam caladas.

Em meio a esse mundo que quer evoluir e às próprias reflexões, pude compreender quão genuína e livre vem a ser a minha forma de amar. E nesse deixar fluir, descubro um talento especial para uma uma função que eu sequer sabia existir: a do/a celebrante matrimonial.

Ter aceitado o convite dos amigos Fernando e Samia para celebrar a união do casal, proporcionou a revelação de uma habilidade natural para celebrar matrimônios autênticos, ainda que alheios às doutrinas religiosas.

Quem acompanha minha trajetória reconhece que a poética permeia minhas expressões escritas, pessoais e abstratas, e por vezes se estende, alcançando a oralidade cotidiana. E de onde brota a poesia, senão da observação apreciativa, pelo olhar de contemplação? Por certo a indignação pode também ser alvo de um olhar atento, porém dizemos aqui da apreciação a partir da grandeza humana maior que há e a partir da qual todas as virtudes se estabelecem: o amor.

Assim eu passo a oferecer esse talento a quem não se sente pertencente às doutrinas religiosas e se identifica com essa forma de construir família, que eu  oriento e defendo. De maneira personalizada, eu me disponho a elaborar o texto e realizar a celebração com leveza e alegria, envolvendo os convidados e tornando o enlace positivamente memorável. Lanço o convite geral e trago aos amigos Fernando e Samia a minha gratidão pela oportunidade que me deram de descobrir esse novo “trabalho”. E que ofício mais lindo e prazeroso esse, de celebrar o amor!

Categorias: serviços