Em 19 de setembro de 1921, nascia em Pernambuco, na cidade de Recife, o garoto Paulo Reglus Neves Freire. Hoje, no centenário de seu nascimento, podemos enxergar o mundo à luz que Freire acendeu no campo da Educação.
Por seu trabalho na área educacional, Paulo Freire foi reconhecido mundialmente. Ele é o brasileiro com mais títulos de Doutor Honoris Causa de diversas universidades. Ao todo são 41 instituições, entre elas, Harvard, Cambridge e Oxford. Atualmente existem pelo menos 350 instituições que levam seu nome. Mas… o que o tornou uma inspiração para o mundo, afinal?
Uma luz que se acende no mundo
A metodologia desenvolvida e aplicada por Paulo Freire estimulava a alfabetização dos adultos mediante a discussão de suas experiências de vida entre si, através de palavras presentes na realidade dos alunos, que são decodificadas para a aquisição da palavra escrita e da compreensão do mundo. Nas palavras do mestre, “a educação deve ter como objetivo ensinar o aluno a “ler o mundo” para poder transformá-lo.”
Sempre atual, seus preceitos para uma boa Educação se pautam fundamentalmente nas seguintes considerações: a importância de compreender a realidade do aluno; alfabetizar os adultos; formar cidadãos críticos; respeitar as diferenças; empoderar os mais pobres.
Um pouco da trajetória de Freire
Paulo Freire iniciou sua carreira como professor de língua portuguesa no Colégio Oswaldo Cruz, onde havia estudado. Mais tarde lecionou Filosofia da Educação na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco e conquistou o cargo de diretor do setor de Educação e Cultura do Serviço Social da Indústria.
No governo de João Goulart, Freire coordenou o Programa Nacional de Alfabetização. Na época, como somente quem poderia votar eram as pessoas formalmente alfabetizadas, os objetivos e projetos de Freire formaria 6 milhões de novos eleitores, o que contrariava os desejos das classes dominantes da época.
Em abril de 1964, o Plano Nacional de Alfabetização foi cancelado e Paulo Freire passou a ser perseguido pelo regime militar. Após ter sido acusado de agitador e de ter passado 70 dias na prisão, se exilou no Chile, onde viveu por cinco anos e desenvolveu trabalhos em programas de educação de adultos no Instituto Chileno para a Reforma Agrária.
Em 1969 Freire é convidado a lecionar na Universidade de Harvard e no ano seguinte se torna consultor e coordenador emérito do Conselho Mundial de Igrejas, o CMI, onde atua por 10 anos, período este em que viaja por 30 países levando sua pedagogia.
Em 1980, com a anistia, Paulo Freire retornou ao Brasil, estabelecendo-se em São Paulo. Foi professor da UNICAMP, da PUC e atuou como Secretário de Educação da Prefeitura de São Paulo na gestão de Luísa Erundina.
Em 1989, Paulo Freire se tornou secretário da educação no município de São Paulo.
Paulo Freire faleceu em São Paulo, no dia 2 de maio de 1997, vítima de insuficiência cardíaca.
E em 2012, pela Lei nº 12.612, Paulo Freire tornou-se o “Patrono da Educação Brasileira”.
A luz continua iluminando
Em defesa de uma relação baseada no que ele chamava de “pedagogia do afeto”, Freire publicou suas ideias e experiências em uma série de livros, seu maior legado, entre os quais escolho citar:
Pedagogia do oprimido (1968)
Cartas à Guiné-Bissau (1975)
Educação e mudança (1981)
A importância do ato de ler em três artigos que se completam (1982)
Pedagogia da esperança (1992)
Política e educação (1993)
À sombra desta mangueira (1995)
Pedagogia da autonomia (1997)
Não apenas no Brasil, mas pelo mundo afora, o centenário de Paulo Freire é celebrado em reconhecimento ao seu legado, que continuará inspirando educadores conscientes do seu papel transformador na sociedade.
Crédito à ilustração de Edgar Vasques, que integra a coleção de Cartões Pedagógicos produzidos em parceria com Grafar e Freireando Porto Alegre para comemorar o centenário de Paulo Freire