Um convite às corporações baseado no discurso de Joaquin Phoenix, premiado como Melhor Ator no Oscar 2020.
Dirigimo-nos às empresas e escolas, neste momento em que aquecem os motores para o novo ano de trabalho e aceleram o ritmo em busca do alcance de bons (ou melhores) resultados, fazendo-lhes um convite: que tal dispenderem uma atenção especial a alguns trechos do impactante discurso de Joaquin Phoenix, premiado com a estatueta de melhor ator no Oscar 2020? Selecionamos dois trechos do seu discurso, considerando o cerne do que defendemos quando apresentamos a importância da empatia nas organizações:
“Temos medo de mudança porque sentimos que teríamos que sacrificar algo, mas os humanos são muito inventivos e criativos. Quando temos amor e compaixão como princípios, podemos criar sistemas de mudanças que sejam benéficos para todos os seres vivos e o meio ambiente.”
Já está provado que a inteligência cognitiva, por si só, não basta numa gestão de pessoas: é preciso criar estratégias e ferramentas visando o bem-estar de todos os envolvidos nos processos de mudança. Uma metodologia, seja de ensino ou de trabalho, que considera o desenvolvimento das pessoas e de suas habilidades, têm mais chances de alcançarem resultados satisfatórios, inclusive no aspecto financeiro, do que as que visam apenas bons resultados no vestibular ou o lucro da empresa.
O pesquisador Theodore W. Schultz já em 1950 havia evidenciado a importância do “capital humano nas organizações”, conceituando o termo como “a capacidade de conhecimentos, competências e atributos da personalidade de uma pessoa ao desempenhar um trabalho de modo a produzir valor econômico”. Ou seja, isso não é novidade. Mas ainda parece mais fácil disfarçar os resultados de uma metodologia obsoleta do que assumir que se faz necessário atualizar, inovar, transformar, mudar. Em seu tão comentado discurso, Phoenix sugere que o medo de mudança esteja relacionado à ideia de que teremos que sacrificar algo, mas lembra que isso não precisa ser assim pois somos seres inventivos e criativos.
Quando se abre espaço para diálogos e a equipe participa do planejamento das ações, é natural que surjam ideias revolucionárias que parecerão ousadas demais e que tragam “sacrifícios” à organização. Sabe-se que toda mudança, de início, assusta. Depois compreende-se que elas eram inevitáveis e que se tornaram indispensáveis. Valorizar o amor e a compaixão como sendo princípio dessas ações transformadoras significa humanizar o sistema de forma que todos os seres vivos ganhem com elas. Isso é empatia!
Destacamos também o trecho final do discurso do ator, que nos pareceu imbuído de humildade, profundidade e sabedoria. Como diria Marshall Rosemberg, precursor do processo contínuo de pesquisa em Comunicação Não-Violenta, é positivo validar a nossa vulnerabilidade:
“Fui egoísta, bobo, difícil de trabalhar, ingrato… mas muitos de vocês nesta sala me deram uma segunda chance. Acho que estamos na nossa melhor forma quando nos apoiamos, não quando deixamos os outros de lado por erros do passado, mas sim quando ajudamos os outros a crescer, quando nos apoiamos uns aos outros, guiamos os outros rumo à redenção, esse é o caminho para a humanidade.”
Reforçando o pensamento anterior, podemos concluir que já passa do tempo de compreendermos que desenvolver (e viver!) amor e compaixão não é o melhor, mas o único caminho para um futuro sustentável.
Foto: Frederic J. Browm/AFP